Pequeno Tratado da RECITAÇÃO DO TERÇO
Pequeno Tratado da
Recitação do Terço
Mais antiga que a reza do Terço é a luz do
sol, e eles não querem deixar de beneficiar do seu brilho e calor; mais antigos
são os salmos, e eles, assim como as orações que constituem o Terço fazem parte
da Sagrada Liturgia.
A repetição das Ave Marias,
Pai Nosso e Glória, é a cadeia que nos eleva até Deus e a Ele nos prende,
dando-nos a participação da Sua Vida divina em nós, — como a repetição dos
pedacinhos de pão, de que nos alimentamos, nos sustenta a vida natural; e não
achamos a isso coisa antiquada!
A desorientação é diabólica! Não se
deixe enganar.
"Precisamos rezar o
Terço todos os dias. É a oração que Nossa Senhora mais recomendou, como que
prevenindo-nos para estes dias de campanha diabólica em contra! Sabe o demônio
que é pela oração que havemos de nos salvar; e arma-lhe a campanha em contra,
para nos perder...
É falso o que dizem, de que
não é litúrgico: As orações do Terço, todas elas fazem parte da Santa Liturgia;
e, se não desagradam a Deus, quando as rezamos celebrando o Santo Sacrifício,
também Lhe não desagradam se as rezamos na Sua presença (Eucarística), quando
está exposto à nossa adoração. Pelo contrário, é a oração que mais Lhe agrada,
porque é aquela com que melhor O louvamos."
"Não é rezar à toa, nem
repetir em vão as mesmas palavras. O Evangelista nos diz que Jesus Cristo, no
Jardim das Oliveiras, orou ao Pai durante três horas, repetindo sempre as
mesmas palavras; "Pai! Se é possível, afasta de mim este cálix; mas não se
faça a Minha vontade, mas a Tua".
Ora, durante a reza do
Terço, não estamos três horas repetindo as mesmas palavras. E, afinal, Deus,
Criador de tudo quanto existe, ordenou que todos os seres criados se conservem
mediante uma repetição contínua dos mesmos atos, movimentos e sons. Os astros
giram sempre do mesmo modo; a terra em volta do mesmo eixo; o sol incide a sua
luz e os seus raios do mesmo modo; as plantas brotam, dão flores e frutos, cada
uma segundo a sua espécie, todos os anos do mesmo modo, etc.; e assim todos os
demais seres que existem. Nós mesmos vivemos, respiramos e aspiramos, repetindo
sempre o mesmo funcionamento orgânico. E assim tudo o mais. E a ninguém se lhe
ocorreu ainda dizer que é uma maneira de viver antiquada! Por que então o há-de
ser a oração que Deus nos ensinou e tanto nos tem recomendado?!
É fácil de ver aqui o ardil
do demônio e dos seus sequazes, que querem afastar as almas de Deus,
afastando-as da oração. É na oração que as almas se encontram com Deus, e é
nesse encontro que Deus se dá às almas, comunicando-lhes as suas graças, as
suas luzes e os seus dons. Por isso lhe fazem tanta guerra! Não se deixe
enganar...
Assim, a oração do
Terço é, depois da Sagrada Liturgia Eucarística, a que mais nos introduz no
mistério íntimo da Santíssima Trindade e da Eucaristia; a que mais nos traz ao
espírito os mistérios da Fé, da Esperança e da Caridade.
Ela é o pão espiritual das
almas. Quem não ora, definha e morre. É na oração que nos encontramos com Deus,
e é nesse encontro que Ele nos comunica a Fé, a Esperança e a Caridade:
virtudes estas sem as quais não nos salvaremos.
O Terço é a oração dos
pobres e dos ricos, dos sábios e dos ignorantes. Tirar às almas esta devoção, é
tirar-lhes o pão espiritual de cada dia. O Terço é a que sustenta a pequenina
chama da Fé, que ainda de todo se não apagou em muitas consciências. Mesmo para
aquelas almas que rezam sem meditar, o simples ato de tomar o Terço para rezar
é já um lembrarem-se de Deus, do Sobrenatural. A simples recordação dos
mistérios, em cada dezena, é mais um raio de luz a sustentar, nas almas, a
mecha que ainda fumega.
Por isso o Demônio lhe tem
feito tanta guerra! E o pior é que tem conseguido iludir e enganar almas cheias
de responsabilidade, pelo lugar que ocupam!
São cegos a guiar outros
cegos! Eu tenho uma grande esperança: que não virá longe o dia em que a oração
do santo Rosário e Terço sejam declaradas oração litúrgica. Sim, porque toda
ela faz parte da Sagrada Liturgia Eucarística. Oremos, trabalhemos,
sacrifiquemo-nos e confiemos que:
É, pois, preciso rezar o
Terço, nas Cidades, nas Vilas e nas Aldeias, pelas ruas, pelos caminhos, de
viagem ou em casa, nas igrejas e capelas! É a oração acessível a todos, e que
todos podem e devem rezar. Há muitos que diariamente não assistem à oração
litúrgica da Santa Missa; se não rezam o Terço, que oração fazem?! E, sem
oração, quem se salvará?! — "Vigiai e orai para não entrardes em
tentação".
É preciso, pois, orar, e orar sempre. Isto é,
que todas as nossas atividades e trabalhos sejam acompanhados de um grande
espírito de oração, porque é na oração que a alma se encontra com Deus; e é
nesse encontro que se recebe graça e força... Ela leva sempre às almas um
aumento de Fé, ainda que não seja mais que a recordação momentânea dos
mistérios da nossa Redenção, lembrando o Nascimento, Morte e Ressurreição do
nosso Salvador; e Deus saberá descontar e perdoar o que toca à humana
franqueza, ignorância e pouca idade espiritual.
Quanto à repetição das Ave
Marias, não é como querem fazer crer que seja uma coisa antiquada. Todas as
coisas que existem e foram criadas por Deus, se mantêm e conservam por meio da
repetição, continuada sempre, dos mesmos atos. E ainda a ninguém se ocorreu
chamar antiquado ao sol, lua, estrelas, aves e plantas, etc., porque giram,
vivem e brotam sempre do mesmo modo! E são bem mais antigos que a reza do
Terço! Para Deus, nada é antigo. — São João diz que o Bem aventurados, no Céu,
cantam um cântico novo, repetindo sempre; Santo, Santo, Santo é o Senhor, Deus
dos Exércitos! É novo, porque, na luz de Deus, tudo aparece com novo brilho!
Nossa Senhora pediu e
recomendou que se reze o Terço todos os dias, repetindo o mesmo em todas as
Aparições, como que prevenindo-nos para que, nestes tempos de desorientação
diabólica, não nos deixemos enganar por falsas doutrinas, diminuindo na
elevação da nossa alma para Deus, por meio da oração.
Além do que tenho dito, será
bom que à oração do Terço se dê um sentido mais real que aquele que se lhe tem
dado, até aqui, de simples oração 'mariana'. Todas as orações que rezamos no
Terço são orações que fazem parte da Sagrada Liturgia; e, mais que uma oração
dirigida a Maria, é dirigida a Deus: — O Pai Nosso nos foi ensinado por Jesus
Cristo, dizendo: "Rezai, pois, assim: Pai Nosso, que estais nos Céus"—
"Glória ao Pai, ao Filho, ao Espírito Santo" é o hino que cantaram os
Anjos enviados por Deus para anunciar o nascimento do Seu Verbo, Deus feito
homem. — A Ave Maria, bem compreendida, não é menos uma oração dirigida a
Deus: "Ave, Maria, gratia plena, Dominus tecum": Eu Te saúdo, Maria,
porque Contigo está o Senhor! Estas palavras são, com certeza, ditadas pelo Pai
ao Anjo, quando O enviou à terra, para que com elas saudasse a Maria.
Sim! O Anjo veio dizer, a
Maria, que Ela era cheia de Graça, não por Ela mas porque com Ela estava o
Senhor! —"E Bendita sois Vós entre as mulheres, e Bendito é o fruto do
Vosso ventre, Jesus": Estas palavras, com que Isabel saudou a Maria,
foram-Lhe ditadas pelo Espírito Santo, diz-nos o Evangelista: "Ao ouvir
Isabel a saudação de Maria, ficou cheia do Espírito Santo. Erguendo a voz,
exclamou: Bendita és Tu entre as mulheres, e Bendito é o fruto de Teu
ventre". Sim! Porque esse fruto é Jesus, verdadeiro Deus e verdadeiro
Homem!
Assim, esta saudação é um
louvor a Deus: És Bendita entre as mulheres, porque é Bendito o fruto do Teu ventre;
e porque Tu és a Mãe de Deus feito Homem, — em Ti adoramos a Deus como em
primeiro Sacrário, no qual o Pai encerrou o Seu Verbo; como primeiro Altar, o
Teu Regaço; primeira Custódia, os Teus braços, diante dos quais se ajoelharam
os Anjos, os pastores e os reis, para adorar o Filho de Deus, feito Homem! E
porque Tu, ó Maria, és o primeiro Templo vivo da Santíssima Trindade, onde mora
o Pai, o Filho e o Espírito Santo, "o Espírito virá sobre Ti e a força do
Altíssimo estenderá sobre Ti a Sua sombra. Por isso mesmo é que o Santo, que
vai nascer, há-de chamar-se Filho de Deus"
(Lc. 1, 35). E já que és um Sacrário, uma Custódia, um Templo vivo,
morada permanente da Santíssima Trindade, Mãe de Deus e Mãe nossa, — "roga por nós, pobres pecadores, agora
e na hora da nossa morte".
Quem poderá negar que isto é
uma oração e um louvor dirigido a Deus?! Será mais que para dirigir a Deus os
nossos louvores, as nossas adorações, as súplicas, nos ajoelhemos diante de
altares de madeira, pedra ou metal, ou de custódias douradas, insensíveis,
incapazes de rogar por nós?!
Certo é que São Paulo diz
que há um só Medianeiro junto do Pai. Sim! Como Deus, há um só, que é Jesus
Cristo. Mas o mesmo Apóstolo pede que roguem por ele e recomenda que roguemos
uns pelos outros: Poderia, então, o Apóstolo não crer que a oração de Maria não
fosse tão agradável a Deus, como a nossa?! É a desorientação diabólica que
invade o mundo e engana as almas! É preciso fazer-lhe frente; e para isso pode
servir-se do que aqui lhe digo. Mas como coisa sua, sem dizer o meu nome; como
coisa que lhe sai ao correr da pena. E, na verdade, sua é, porque, na qualidade
de membros que somos do Corpo Místico de Cristo, tudo é nosso, porque tudo é da
Cabeça, Cristo Jesus.
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