A RÚSSIA FOI CONSAGRADA TARDE!
Nossa Senhora, na terceira aparição em Fátima, em 13 de julho de 1917, falou pela primeira vez sobre a consagração da Rússia e a comunhão reparadora. Nestes termos ela oferecia o único remédio decisivo e eficaz contra os males do mundo atual:
"Vistes o inferno, para onde vão as almas dos pobres pecadores, para as salvar Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração.
Se fizerem o que Eu vos disser, salvar-se-ão muitas almas e terão paz. A guerra vai acabar, mas se não deixarem de ofender a Deus, no reinado de Pio XI começará outra pior [...]. Para a impedir, virei pedir a consagração da Rússia ao meu Imaculado Coração e a comunhão reparadora nos primeiros sábados. Se atenderem a meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz; se não, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja; os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas; por fim, o meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-Me-á a Rússia, que se converterá, e será concedido ao mundo algum tempo de paz. Em Portugal se conservará sempre o Dogma da fé etc. Isto não o digais a ninguém ao Francisco sim podeis dize-lo" (Inicia a partir daqui o Terceiro Segredo que prediz que a apostasia começará pelo topo).
Nossa Senhora retornou anos mais tarde, conforme havia prometido, a fim de pedir a consagração da Rússia. Aconteceu o retorno em 13 de junho de 1929, em Tuy, na Espanha, no convento das Irmãs Doroteias, onde Lúcia ingressara:
"É chegado o momento em que Deus pede ao Santo Padre fazer, em união com todos os bispos do mundo, a consagração da Rússia ao meu Imaculado Coração, prometendo salvá-la por este meio. São tantas as almas que a Justiça de Deus condena por pecados contra Mim cometidos, que venho pedir reparação; sacrifica-te por esta intenção e ora".
- Eu tinha pedido e obtido licença das minhas superioras e confessor para fazer a Hora-Santa das onze à meia-noite, de quintas para sextas-feiras. Estando uma noite só, ajoelhei-me entre a balaustrada, no meio da capela, a rezar, prostrada, as Orações do Anjo. Sentindo-me cansada, ergui-me e continuei a rezá-las com os braços em cruz. A única luz era a da lâmpada. De repente iluminou-se toda a Capela com uma luz sobrenatural e sobre o Altar apareceu uma Cruz de luz que chegava até ao tecto. Em uma luz mais clara via-se, na parte superior da cruz, uma face de homem com corpo até a cinta, sobre o peito uma pomba também de luz e, pregado na cruz, o corpo de outro homem. Um pouco abaixo da cinta, suspenso no ar, via-se um cálix e uma hóstia grande, sobre a qual caíam algumas gotas de sangue que corriam pelas faces do Crucificado e duma ferida do peito. Escorregando pela Hóstia, essas gotas caíam dentro do Cálix. Sob o braço direito da cruz estava Nossa Senhora (era Nossa Senhora de Fátima com o Seu Imaculado Coração na mão esquerda, sem espada nem rosas, mas com uma Coroa de espinhos e chamas). Sob o braço esquerdo, umas letras grandes, como se fossem de água cristalina que corresse para cima do Altar, formavam estas palavras: “Graça e Misericórdia”. Compreendi que me era mostrado o mistério da Santíssima Trindade e recebi luzes sobre este mistério que não me é permitido revelar. Depois Nossa Senhora disse-me:– É chegado o momento em que Deus pede para o Santo Padre fazer, em união com todos os Bispos do Mundo, a Consagração da Rússia ao Meu Imaculado Coração, prometendo salvá-la por este meio. São tantas as almas que a justiça de Deus condena por pecados contra Mim cometidos que venho pedir reparação: sacrifica-te por esta intenção e ora. Dei conta disto ao confessor que me mandou escrever o que Nossa Senhora queria se fizesse.
De fato, Lúcia, em 1917, desconhecia a realidade político-geográfica da Rússia, desconhecia até mesmo o nome do país. Interrogada por seu diretor, o Pe. Gonçalves, para que esclarecesse como chegou ao conhecimento da Rússia ou porque se recordara do nome da Rússia, e para que transmitisse o que Nossa Senhora lhe pedira na aparição de julho, respondeu Lúcia: “Até então, só tinha ouvido falar dos galegos e dos espanhóis, não sabia o nome de nenhum país. Mas o que percebíamos durante as aparições de Nossa Senhora ficava de tal modo gravado em nós que nunca esqueceríamos. Por isso é que eu sei bem, e com certeza, que Nossa Senhora falou expressamente da Rússia em julho de 1917” (Fatima ante la esfinge el mensaje escatologico de Tuy)[1].
JMJ Tuy, 29 / V / 1930
Reverendo Senhor,
O que me parece se ter passado entre Deus e minha alma a respeito da devoção reparadora do Imaculado Coração de Maria e da perseguição da Rússia.
Parece-me que o Deus bom no fundo do meu coração está comigo para que peça ao Santo Padre a aprovação da devoção reparadora que o próprio Deus e a Santíssima Virgem se dignaram pedir em 1925: para de atenção a esta pequena devoção dar a graça do perdão às almas que tiveram a desgraça de ofender o Imaculado Coração de Maria prometendo a Santíssima Virgem ás almas que do seguinte modo a procuram reparar assistir-lhes á hora da morte com todas as graças necessárias para se salvarem.
A devoção consiste em durante 5 meses seguido no primeiro sábado, receber a Sagrada Comunhão, rezar um Terço, e fazer 15 minutos de companhia a Nossa Senhora meditando nos mistérios do Rosário e fazer uma confissão com o mesmo fim. Esta poder-se-á fazer noutro dia. Se não me engano, o Deus bom promete terminar à perseguição na Rússia se o Santo Padre se dignar fazer e mandar que façam igualmente os bispos do mundo católico um solene e público acto de reparação e consagração da Rússia aos Santíssimos Corações de Jesus e Maria, prometendo Sua Santidade mediante o fim d’esta perseguição aprovar e recomendar a prática da já indicada devoção reparadora.
Declaro recear muitíssimo enganar-me e o motivo d’esse receio é por não ter visto pessoalmente Nosso Senhor, mas só sentido a sua Divina presença. Quanto à repugnância que sinto em dizer isto à Reverenda Madre Superiora, não sei bem donde procede. Parte será talvez do receio que tenho de que sua Reverência irá desaprovar tudo isto ou dizer que é uma ilusão, uma sugestão do demônio e coisas assim d’este gênero.
Beijo respeitosamente beijo a mão de V. Reverência.
JMJ 12/6/1930
Reverendo Senhor,
Depois de implorar a assistência dos Santíssimos Corações de Jesus e Maria, vou quanto me for possível responder as perguntas de sua Reverência.
No tocante à devoção dos cinco sábados:
1. Quando? A 10-12-1923. Como? Aparecendo me Nosso Senhor e da Santíssima Virgem mostrando me o seu Imaculado Coração cercado de espinhos pedindo reparação. Onde? Pontevedra (Travessa de Isabel II), a primeira aparição no meu quarto a segunda junto do portão da quinta, onde andava a trabalhar.
2. Condições? Durante 5 meses ao primeiro sábado, receber a Sagrada Comunhão, rezar o Terço, fazer 15 minutos de companhia a Nossa Senhora meditando nos mistérios do Rosário e fazer uma confissão com o mesmo fim. Esta pode se há fazer em outro dia contando que ao receber a Sagrada Comunhão se esteja em graça.
3. Vantagens ou promessa. As almas que d’este modo me procurarem desagravar (fala Nossa Senhora) prometo assistir lhes á hora da morte com todas as graças necessárias para a salvação.
4. Por que hão de ser 5 sábados e não 9 ou 7 em honra das dores de Nossa Senhora. Ficando na Capela com Nosso Senhor parte da noite do dia 29 para 30 d’este mês de maio 1930, e falando a Nosso Senhor das duas perguntas 4º e 5º senti me de repente, possuída mais intimamente da Divina presença e se não me engano, foi me revelado o seguinte: Minha filha o motivo é simples, são cinco as espécies de ofensas e blasfêmias, proferidas contra o Imaculado Coração de Maria. 1º As blasfêmias contra a Imaculada Conceição. 2º Contra a sua Virgindade. 3º Contra a Maternidade Divina, recusando ao mesmo tempo recebe-la como a Mãe dos homens. 4º Os que procuram publicamente infundir nos corações das crianças, a indiferença, o desprezo e até o ódio para com esta Imaculada Mãe. 5º Os que a ultrajam directamente nas suas Sagradas Imagens. Eis minha filha o motivo pelo qual o Imaculado Coração de Maria me levou a pedir esta pequena reparação e de atenção a Ela, mover a minha misericórdia ao perdão, para com essas almas que tiveram a desgraça de a ofender. Quanto a ti procura sem recear com tuas orações e sacrifícios mover me a misericórdia para com essas pobres almas.
5. E quem não pode cumprir com todas as condições no sábado não satisfará com os domingos? Será igualmente aceita a prática d’esta devoção no domingo seguinte ao 1º sábado quando os meus Sacerdotes por justos motivos assim o concederem as almas.
6. Com relação a Rússia se não me engano o nosso bom Deus, promete terminar a perseguição na Rússia, se o Santo Padre se dignar fazer e mandar que o façam igualmente os Bispos do mundo Católico, num solene e público acto de reparação e consagração da Rússia aos Santíssimos Corações de Jesus e Maria, prometendo Sua Santidade mediante o fim d’esta perseguição aprovar e recomendar a prática da devoção reparadora.
Em 1931, por meio de uma comunicação íntima, Nossa Senhora disse a Irmã Lúcia, queixando-se: – "Não quiseram atender ao Meu pedido!… Como o rei de França, arrepender-se-ão e fá-la-ão, mas será tarde. A Rússia terá já espalhado os seus erros pelo mundo, provocando guerras, perseguições à Igreja: O Santo Padre terá muito que sofrer" (citado em Toda a Verdade sobre Fátima, vol. 2, pp. 543-544).
Em 19 de março de 1937 Pio XII declarou na CARTA ENCÍCLICA DIVINIS REDEMPTORIS :
UM PENSAMENTO PATERNAL AOS POVOS OPRIMIDOS, NA RÚSSIA
Com isto, porém, não é nossa intenção condenar em massa os povos da União Soviética, aos quais, pelo contrário, consagramos o mais vivo afeto paterno. É que, de fato, sabemos que muitos deles gemem sob o jugo da mais iníqua escravidão, que lhes foi imposta por homens, pela maior parte estranhos aos verdadeiros interesses daquele povo; e que muitos outros foram enganados por promessas e esperanças falazes. O que Nós condenamos é o sistema e seus autores e fautores que consideraram aquela nação como o terreno mais apto para lançarem a semente do seu sistema, há muito tempo preparada, e de lá a disseminarem por todas as regiões do globo.
LUMINOSA DOUTRINA DA IGREJA, OPOSTA AO COMUNISMO
Depois de termos focado os erros e os processos sedutores e violentos do comunismo bolchevista e ateu, é já tempo, Veneráveis Irmãos, de opor-lhe sumariamente a verdadeira noção da “Cidade humana”, que é tal como perfeitamente sabeis, qual no-la ensinam a razão humana e a revelação Divina, por intermédio da Igreja, Mestra dos povos.
SUPREMA REALIDADE: DEUS!
E antes de mais nada importa observar que acima de todas as demais realidades, está o sumo, único e supremo Espírito, Deus, Criador onipotente de todo o universo, Juiz sapientíssimo e justíssimo de todos os homens. Este Ser supremo, que é Deus, é a refutação e condenação mais absoluta das impudentes e mentirosas falsidades do comunismo. E na verdade, não é porque os homens crêem em Deus, que Deus existe; mas porque Deus existe realmente, por isso crêem nele e lhe dirigem as suas súplicas todos quantos não cerram pertinazmente os olhos do espírito à luz da verdade."
As consagrações de Pio XII
Pio XI morreu em 10 de fevereiro de 1939.
Em 21 de janeiro de 1940 Irmã Lúcia propôs ao confessor, o Pe. Gonçalves, renovasse ante a Santa Sé o pedido de Consagração da Rússia. Em abril de 1940 transmitiram o recado a Pio XII. Pensava Pe. Gonçalves que o Papa realizaria a consagração em maio; era lícito esperar tal atitude do novo pontífice, pois que ele era muito devoto da Santíssima Virgem e benevolente às aparições de Fátima.
A consagração do mundo de 1942
A consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria veio da mística portuguesa, Beata Alexandrina Maria da Costa, que recebia revelações particulares de Nosso Senhor. Como a investigação acerca da seriedade dessas comunicações resultasse muito positiva, os bispos de Portugal referendaram, já em junho de 1938, aquele pedido ao Papa Pio XI.
Ante as dificuldades em obter-se a consagração da Rússia, Mons. Ferreira achou por bem juntar os dois pedidos num só. Por iniciativa do Mons. Manuel Ferreira, bispo titular de Gurza, decidiram os diretores espirituais de Lúcia em setembro e outubro de 1940 intentar um novo esforço perante o Santo Padre, apresentando-lhe um requerimento mais factível: a consagração do mundo, com especial menção à Rússia. Mons. Ferreira ordenou Lúcia a escrever ao Papa Pio XII e formular este novo pedido. Em busca de nova luz Irmã Lúcia recorreu instante à oração. Eis a narração do fato:
22 de outubro de 1940. Recebi uma carta do Pe. Gonçalves e do bispo de Gurza, ordenando-me a escrever a Sua Santidade... Neste sentido, passei duas horas diante de Nosso Senhor exposto [e recebi a seguinte revelação]:
“Reza pelo Santo Padre, sacrifica-te para que o coração dele não sucumba sob a amargura que o oprime. A tribulação continuará e aumentará. Eu punirei os crimes das nações com a guerra, a fome e a perseguição à minha Igreja, que pesará especialmente sobre meu Vigário sobre a terra. Sua Santidade conseguirá que esses dias de tribulação sejam abreviados se ele obedecer aos meus desígnios e fazer o ato de consagração do mundo inteiro, com especial menção à Rússia, ao Imaculado Coração de Maria [2].
A revelação de outubro de 1940 e as dirigidas a Beata Alexandrina Maria da Costa aparecem como o derradeiro instrumento de resgate que apresentou a misericórdia divina ante a persistente desobediência da autoridade suprema da Igreja à mensagem de Fátima. Para este pedido novo e secundário promete-se novo fruto: a abreviação da grande calamidade que Nossa Senhora anunciou em 13 de julho de 1917 – a II Guerra Mundial.
Em 31 de outubro de 1942 o Papa Pio XII realizou a consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria e renovou-a em 8 de dezembro de 1942. O texto não fazia menção explícita à Rússia:
"A Vós, ao vosso Coração Imaculado, nesta hora trágica da história humana, confiamos, entregamos, consagramos não só a Santa Igreja, corpo místico de vosso Jesus, [...] mas também todo o mundo, dilacerado por exiciais discórdias, abrasado em incêndios de ódio, vítima de suas próprias iniqüidades.
Comovam-Vos tantas ruínas materiais e morais; tantas dores, tantas agonias dos pais, das mães, dos esposos, dos irmãos, das criancinhas inocentes; tantas vidas ceifadas em flor; tantos corpos despedaçados numa horrenda carnificina; tantas almas torturadas e agonizantes, tantas em perigo de se perderem eternamente!
Vós, Mãe de misericórdia, impetrai-nos de Deus a paz! e primeiro as graças que podem num momento converter os humanos corações, as graças que preparam, conciliam, asseguram a paz! Rainha da paz, rogai por nós e dai ao mundo em guerra a paz por que os povos suspiram, a paz na verdade, na justiça, na caridade de Cristo. Dai-lhe a paz das armas e das almas, para que na tranquilidade da ordem se dilate o Reino de Deus.
Estendei a vossa protecção aos infiéis e a quantos jazem ainda nas sombras da morte; dai-lhes a paz e fazei que lhes raie o Sol da verdade, e possam conosco, diante do único Salvador do mundo, repetir: Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade! (Luc. 2, 14).
Aos povos pelo erro ou pela discórdia separados, nomeadamente àqueles que Vos professam singular devoção, onde não havia casa que não ostentasse a vossa veneranda ícone (hoje talvez escondida e reservada para melhores dias), dai-lhes a paz e reconduzi-os ao único redil de Cristo, sob o único e verdadeiro Pastor (Consagração implícita da Rússia)" [3].
Para reavivar a lembrança da consagração, o Papa Pio XII mais tarde fixaria a celebração do Imaculado Coração de Maria em 22 de agosto, conferindo a ela a dignidade de festa de segunda classe[4].
A misericórdia divina outorgou o prometido fruto da consagração: mostra-nos o exame objetivo da história que, em todas as frentes de batalha, houve uma reviravolta decisiva em favor dos aliados nos meses finais de 1942 e iniciais de 1943; decerto tal reviravolta permitiu a abreviação da duração da II Guerra Mundial.
A Irmã Lúcia referente a consagração de 1942 relatou:
“O Bom Deus tinha-me mostrado já o Seu contentamento pelo ato segundo o Seu desejo, do Santo Padre e de vários Bispos. Em troca, promete acabar breve a guerra. A conversão da Rússia não será já[5].
Pergunta: É sua opinião que o Papa e os Bispos consagrarão a Rússia ao Imaculado Coração somente depois que os leigos houverem cumprido sua tarefa de sacrifícios, terços, primeiros sábados, etc.? Resposta: [Irmã Lúcia] O Santo Padre já consagrou a Rússia, incluindo-a na consagração do mundo, mas não foi na forma indicada por Nossa Senhora. Não sei se a Nossa Senhora a aceitou, feita desse modo e se realizou suas promessas. Orações e sacrifícios são sempre meios necessários para alcançar as graças e bênçãos de Deus.” (William Thomas Walsh, Nossa Senhora de Fátima, pág. 198).
Isto foi em referência à consagração do mundo de 31 de Outubro de 1942. Dez anos depois, o Papa Pio XII consagrou de forma explícita a Rússia ao Coração Imaculado de Maria.
A consagração da Rússia - encíclica Sacro Vergente Anno de 1952
O Céu manifestava-se ao Papa: nos dias 30 e 31 de outubro e 1º e 8 de novembro, dias antes à data da definição solene do dogma da Assunção de Nossa Senhora, o Santo Padre viu nos jardins do Vaticano a renovação do milagre do sol de 13 de outubro de 1917.
Faz saber ao Santo Padre que Eu ainda estou à espera da Consagração da Rússia ao Meu Imaculado Coração. Sem a Consagração da Rússia, a Rússia não poderá converter-se e o mundo não terá paz[6].
Sem dúvida após aquela mensagem que anelavam o cumprimento dos pedidos de Nossa Senhora, Pio XII escreve uma Carta Apostólica em que declara:
“Assim como a alguns anos atras, nós consagramos todo genero humano [1942] ao Coração Imaculado da Maria Virgem, Mãe de Deus, hoje nós consagramos e de uma forma mais especial confiamos todos os povos da Rússia a este Imaculado Coração” (Sacro Vergente Anno, Pio XII).
O Papa Pio XII consagrou especificamente a Rússia em 1952 de forma explícita. Isso pode ser comprovado na carta apostólica do dia 7 de Julho de 1952 intitulada “Sacro vergente anno – Consagração da Rússia ao Coração Imaculado de Maria” [7].
"Por fim o meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-me-á a Rússia, que se converterá, e será concedido ao mundo algum tempo de paz” (Irmã Lúcia na “Terceira Memória”, de 31 de agosto de 1941, destinada ao Bispo de Leiria-Fátima).
Papa Pio XII consagrou a Rússia, doze anos após o primeiro pedido de Nossa Senhora em 1930, de forma implícita e vinte e dois anos depois do pedido do Céu de forma explícita, mas os erros da Rússia já haviam espalhado pelo mundo, como anunciado por Nossa Senhora e Nosso Senhor em 1931:
"Não quiseram atender ao Meu pedido!…Como o rei de França, arrepender-se-ão e fá-la-ão, mas será tarde. A Rússia terá já espalhado os seus erros pelo mundo, provocando guerras, perseguições à igreja: O Santo Padre terá muito que sofrer", Nossa Senhora à Irmã Lúcia, 1931.
"Participa aos Meus ministros que, dado seguirem o exemplo do rei de França na demora em executar o Meu mandato assim o seguirão na aflição", Nosso Senhor à Irmã Lúcia, em agosto de 1931.
A Igreja entrava numa crise sem precedentes na história [8], e a sua finalidade era a punição da hierarquia como claramente explícito no TERCEIRO SEGREDO NÃO REVELADO [9].
Em Portugal se conservará sempre o dogma da fé... na Grande Apostasia!
[1] Padre Joaquim Maria Alonso, Fatima ante la esfinge el mensaje escatologico de Tuy, Ed. Sol de Fatima, Madrid, 1979, p. 92. Nunca se traduziu este livro em francês [nem em português] [N. do T.: tradução da versão francesa de Dominicus]. – O padre Joaquin-Maria Alonso (1913-1981), claretano espanhol, é decerto o mais autorizado especialista das aparições de Fátima. Em 1966 Mons. Venâncio, bispo de Leiria-Fátima, encarregou-o dum estudo crítico e exaustivo da história e da mensagem de Fátima. Suas pesquisas o levaram a se encontrar diversas vezes com Irmã Lúcia. Em 1975 já estavam encerrados os trabalhos, quando Mons. Amaral, bispo de Leiria-Fátima, proibiu a publicação. Foi necessário esperar até 1992 para que o santuário publicasse, em português, o primeiro volume dos documentos. Desde então saíram mais três volumes, mas o conjunto da obra (24 livros de 800 páginas cada) ainda está inacessível.
[2] Texto publicado por Pe. A.M. Martins e reproduzido por Irmão François Marie-des-Anges em Fatima joie intime, ibid., p. 233-234 [N. do T.: tradução da versão francesa].
[3] Pio XII, Radiomensagem aos fiéis portugueses por ocasião da Consagração da Igreja e do Gênero humano ao Coração Imaculado de Maria (31 de outubro de 1942)
https://w2.vatican.va/content/pius-xii/pt/speeches/1942/documents/hf_p-xii_spe_19421031_immaculata.html
[4] Decreto da Sagrada Congregação dos Ritos, de 4 de maio de 1944, AAS, 1945, p. 37-52.
[5] Carta de Irmã Lúcia, de 28 de fevereiro de 1943, ao bispo de Gurza.
[6] Esta aparição está relatada a páginas 440 da obra Il Pellegrinaggio delle Meraviglie, publicada sob os auspícios do episcopado italiano em 1960, na cidade de Roma. Afirma a obra que a mensagem foi transmitida ao Papa em junho. O cônego Barthas chega a mencionar o fato numa comunicação, durante o congresso mariológico de Lisboa e Fátima, em 1967: “De primordiis cultus mariani”, Acta congressus mariologici in Lusitania anno 1967 celebrati, Roma, 1970, p. 517 (ver Irmão Michel de la Sainte-Trinité, Toute la vérité sur Fatima, t. 3, ibid., p. 217, nota 1).
[7] Pio XII, Carta apostólica Sacro Vergente Anno, de 7 de julho de 1952, em:
https://w2.vatican.va/content/pius-xii/it/apost_letters/documents/hf_p-xii_apl_19520707_sacro-vergente-anno.html
[8] Papa São Pio X na encíclica Pascendi constata que o modernismo é o “esgoto coletor de todas as heresias.”
[9] http://confraternidadedorosario.blogspot.com.br/2017/06/fatima-finally-truth.html
PIO XII
LETTERA APOSTOLICA
SACRO VERGENTE ANNO
CONSACRAZIONE DELLA RUSSIA
AL CUORE IMMACOLATO DI MARIA
7 luglio 1952(1)
Mentre l'anno santo volgeva felicemente verso il suo termine, dopo che per divina disposizione a Noi fu dato di definire solennemente il dogma dell'assunzione in anima e corpo al cielo della gran Madre di Dio Maria vergine, moltissimi da ogni parte del mondo Ci espressero la loro vivissima esultanza; fra questi non mancò chi, nell'inviarCi lettere di ringraziamento, supplicò istantemente affinché Noi consacrassimo l'intero popolo della Russia, nelle angustie del momento presente, al Cuore immacolato della medesima vergine Maria.
Tale supplica tornò a Noi oltremodo gradita, poiché, se il Nostro affetto paterno abbraccia tutti i popoli, in modo particolare si rivolge a coloro che, sebbene nella massima parte separati per vicende storiche da questa sede apostolica, conservano tuttavia ancora il nome cristiano e si trovano in condizioni tali che non solo è loro difficilissimo ascoltare la Nostra voce e conoscere gli insegnamenti della dottrina cattolica, ma sono spinti con arti ingannevoli e perniciose a rigettare perfino la fede e il nome di Dio.
1. Costante ricordo nella preghiera
Non appena fummo elevati al supremo pontificato, il Nostro pensiero si rivolse a voi, che costituite un immenso popolo, insigne nella storia per gloriose imprese, per amore patrio, per laboriosità e parsimonia, per pietà verso Dio e la vergine Maria.
Non abbiamo mai cessato di elevare le Nostre suppliche a Dio, affinché sempre vi assista con la sua luce e con il suo divino aiuto, e conceda a voi tutti di poter raggiungere, insieme ad una giusta prosperità materiale, anche quella libertà, per cui ognuno di voi sia in grado di tutelare la propria dignità umana, conoscere gli insegnamenti della vera religione, e prestare il debito culto a Dio non solo nell'intimo della propria coscienza, ma anche apertamente, nell'esercizio della vita pubblica e privata.
Del resto ben sapete che i Nostri predecessori, ogniqualvolta se ne presentò loro la possibilità, niente altro ebbero più a cuore che manifestarvi la loro benevolenza e porgervi il loro aiuto. Sapete che gli apostoli degli slavi occidentali, i santi Cirillo e Metodio, i quali insieme con la religione cristiana portarono agli antenati di quelli anche la civiltà, si diressero verso quest'alma città, perché la loro attività apostolica fosse avvalorata dall'autorità dei romani pontefici. E mentre essi fanno il loro ingresso in Roma, il Nostro predecessore Adriano III di felice memoria «va loro incontro con grande testimonianza di onori, accompagnato dal clero e dal popolo»(2) e, dopo aver approvato e lodato il loro operato, non solo li eleva all'episcopato, ma vuole egli stesso consacrarli con la solenne maestà dei sacri riti.
2. A un millennio dai primi incontri
Per quanto riguarda i vostri antenati, i romani pontefici, ogni volta che le circostanze lo permisero, cercarono di stringere o consolidare con essi vincoli di amicizia. Così nell'anno 977 il Nostro predecessore Benedetto VII di felice memoria inviò suoi legati al principe Jaropolk, fratello del celebre Vladimiro; e allo stesso gran principe Vladimiro, sotto i cui auspici rifulsero per la prima volta fra la vostra gente il nome e la civiltà cristiani, furono inviate legazioni da parte dei Nostri predecessori Giovanni XV nel 991 e Silvestro II nel 999; il che fu cortesemente contraccambiato dallo stesso Vladimiro, il quale a sua volta mandò ambasciatori ai medesimi romani pontefici. Ed è degno di nota che nel tempo in cui questo principe portò questi popoli alla religione di Gesù Cristo, la cristianità orientale e quella occidentale erano unite sotto l'autorità del romano pontefice, quale supremo capo di tutta la chiesa.
Anzi, non pochi anni dopo, cioè nel 1075, il vostro principe Isjaslav inviò il proprio figlio Iaropolk al sommo pontefice Gregorio VII; e questo Nostro predecessore di immortale memoria così scrisse a questo principe e alla sua augusta consorte: «Il vostro figlio, mentre visitava le sacre soglie degli apostoli, venne da Noi, e poiché voleva ottenere quel regno per mano Nostra come un dono di san Pietro, avendo fatto professione di fedeltà allo stesso principe degli apostoli, lo richiese con devote suppliche, assicurando senza alcun dubbio che la sua richiesta sarebbe stata da voi ratificata e confermata, qualora avesse avuto il favore e la protezione dell'autorità apostolica. Siccome questi voti e queste richieste sembravano legittime, sia per il vostro consenso e sia per la devozione del richiedente, noi infine le abbiamo accolte, e gli abbiamo consegnato da parte di san Pietro il governo del vostro regno, con questa intenzione e con questo ardente desiderio, che il beato Pietro con la sua intercessione presso Dio custodisca voi, il vostro regno e tutte le vostre cose, e vi faccia possedere quel medesimo regno in tutta pace e anche con onore e gloria fino al termine della vostra vita. ...».(3)
Così pure è da notare e da tenere in somma considerazione che Isidoro, metropolita di Kiev, nel concilio ecumenico si Firenze, sottoscrisse il decreto con cui veniva solennemente sancita l'unione della chiesa orientale e occidentale sotto l'autorità del romano pontefice, e questo per tutta la sua provincia ecclesiastica, cioè per l'intero regno della Russia; e a tale sanzione di unità egli, per quanto lo riguardò, rimase fedele fino al termine della sua vita terrena.
3. Pagine mirabili di generosità e di amore
E se nel frattempo e in seguito, a motivo di un cumulo di circostanze avverse, da una parte e dall'altra le comunicazioni divennero più difficili, e per conseguenza più difficile l'unione degli animi - quantunque fino al 1448 non si abbia alcun documento pubblico che dichiari la vostra chiesa separata dalla sede apostolica - ciò tuttavia in linea generale non è da attribuirsi al popolo slavo, né certamente ai Nostri predecessori, i quali sempre circondarono di un amore paterno queste popolazioni, e quando fu loro possibile ebbero cura di sostenerle e di aiutarle in ogni maniera.
Tralasciamo non pochi altri documenti storici dai quali appare la benevolenza dei Nostri predecessori verso la vostra nazione, ma non possiamo non accennare brevemente a ciò che fecero i sommi pontefici Benedetto XV e Pio XI, quando, dopo il primo conflitto europeo, specialmente nelle regioni meridionali della vostra patria, ingenti moltitudini di uomini, di donne, di innocenti fanciulli e fanciulle vennero colpite da una terribile carestia e da un'estrema miseria. Essi infatti, spinti da paterno affetto verso i vostri connazionali, inviarono a queste popolazioni viveri, indumenti e molto denaro raccolto dall'intera famiglia dei cattolici, per venire incontro a tutti quegli affamati e infelici, e poter alleviare in qualche modo le loro calamità. E i Nostri predecessori provvidero, secondo le proprie possibilità, non solamente alle necessità materiali, ma anche a quelle spirituali; infatti, non paghi d'innalzare suppliche a Dio, padre delle misericordie e fonte di ogni consolazione (cf. 2 Cor 1,3), vollero altresì che fossero indette pubbliche preghiere per la vostra condizione religiosa così sconvolta e turbata dai negatori e nemici di Dio, decisi a sradicare dagli animi la fede e la nozione stessa della Divinità. Così il sommo pontefice Pio XI nel 1930 stabilì che nel giorno della festività di san Giuseppe, patrono della chiesa universale, «fossero innalzate comuni preghiere a Dio . . . nella Basilica Vaticana, per le infelici condizioni della religione in Russia»;(4) ed egli stesso volle esservi presente, circondato da una foltissima e pia moltitudine di popolo. Inoltre nella solenne allocuzione concistoriale esortò tutti con queste parole: «Bisogna pregare Cristo . . . redentore del genere umano, affinché venga restituita la pace e la libertà di professare la fede agli infelici figli della Russia . . . e vogliamo che secondo questa intenzione, cioè per la Russia, vengano recitate quelle preghiere che il Nostro predecessore Leone XIII di felice memoria ha imposto ai sacerdoti di dire insieme al popolo dopo la santa messa; i vescovi e il clero regolare e secolare con ogni cura cerchino d'inculcare quanto sopra ai loro fedeli o a chiunque assista alla santa messa, e spesso ciò richiamino alla loro memoria».(5)
4. Imparzialità del sommo pontefice
Noi volentieri confermiamo e rinnoviamo questa esortazione e questo comando, dal momento che la situazione religiosa al presente presso di voi non è certamente migliore, e poiché verso queste popolazioni Ci sentiamo animati dal medesimo vivissimo affetto e dalle stesse premure.
Quando scoppiò l'ultimo tremendo e lungo conflitto, abbiamo fatto tutto ciò che era nelle Nostre possibilità, con la parola, con le esortazioni e con l'azione, affinché i dissidi fossero sanati mediante un'equa e giusta pace, e affinché i popoli tutti, senza differenza di stirpe, si unissero amichevolmente e fraternamente, e insieme collaborassero per raggiungere una maggiore prosperità.
Mai, anche in quel tempo, uscì dalla Nostra bocca una parola che potesse sembrare ingiusta o aspra ad una parte dei belligeranti. Certamente abbiamo riprovato, come si doveva, qualsiasi iniquità e qualsiasi violazione di diritto; ma ciò facemmo in maniera da evitare con ogni diligenza tutto ciò che poteva divenire, sebbene ingiustamente, causa di maggiori afflizioni per i popoli oppressi. E quando da qualche parte si faceva pressione perché Noi in qualche modo, a voce o per iscritto, approvassimo la guerra intrapresa contro la Russia nel 1941, mai acconsentimmo di fare ciò, come apertamente ci esprimemmo il 25 febbraio 1946, nel discorso tenuto dinanzi al sacro collegio e a tutte le rappresentanze diplomatiche presso la Santa Sede.(6)
5. Per la libertà delle anime e per la giustizia
Quando si tratta di difendere la causa della religione, della verità, della giustizia e della civiltà cristiana, certamente nonpossiamo tacere; a questo però sono sempre rivolti i Nostri pensieri e le Nostre intenzioni, che cioè non con la violenza delle armi, ma con la maestà del diritto tutti i popoli siano governati; e ciascuno di essi, in possesso della dovuta libertà civile e religiosa entro i confini della propria patria, sia condotto verso la concordia, la pace e quella vita laboriosa, per cui i singoli cittadini possano procurarsi le cose necessarie al vitto, all'abitazione, al sostentamento e al governo della propria famiglia. Le Nostre parole e le Nostre esortazioni riguardarono e riguardano tutte le nazioni, e quindi anche voi, che sempre siete presenti al Nostro cuore, e le cui necessità e calamità desideriamo alleviare secondo le Nostre forze. Coloro che amano non la menzogna ma la verità sanno che durante tutto il corso del recente durissimo conflitto Ci siamo dimostrati imparziali verso tutti i belligeranti, e di ciò abbiamo spesso dato prova con le parole e con le azioni; e abbiamo compreso nella Nostra ardentissima carità tutte le nazioni, anche quelle i cui governanti si professavano nemici di questa sede apostolica, e quelle pure in cui i negatori di Dio osteggiano fieramente tutto ciò che sa di cristiano e di divino, e cercano di cancellarlo dagli animi dei cittadini. Infatti, per mandato di Gesù Cristo, che affidò l'intero gregge del popolo cristiano a san Pietro, principe degli apostoli (cf. Gv 21, 15-17) - di cui siamo indegno successore - Noi amiamo con intenso amore tutti i popoli e desideriamo procurare la prosperità terrena e la salute eterna di ognuno. Tutti perciò, sia in guerra tra loro con le armi, sia in contesa per gravi dissidi, da Noi sono considerati come altrettanti figli carissimi; e niente altro desideriamo, niente altro chiediamo a Dio per loro con la preghiera, se non la loro mutua concordia, la giusta e vera pace, e una prosperità sempre maggiore. Anzi, se alcuni, perché ingannati dalle menzogne e dalle calunnie, professano aperta ostilità nei Nostri riguardi, Noi siamo animati verso costoro da una maggiore commiserazione e da un più ardente affetto.
6. Condanna dell'errore e carità per gli erranti
Senza dubbio abbiamo condannato e respinto - come esige il dovere del Nostro ufficio - gli errori che i fautori del comunismo ateo insegnano e si sforzano di propagare con sommo danno e rovina dei cittadini; ma gli erranti, ben lungi dal respingerli, desideriamo che ritornino alla verità e siano ricondotti sul retto sentiero. Abbiamo anzi messe in luce e riprovate queste menzogne, che spesso si presentavano sotto false apparenze di verità, appunto perché nutriamo verso di voi affetto paterno e cerchiamo il vostro bene. Noi infatti abbiamo la ferma certezza che a voi da questi errori non possono derivare che ingentissimi danni, poiché non solo tolgono dalle vostre anime quella luce soprannaturale e quei supremi conforti che provengono dalla pietà e dal culto verso Dio, ma vi spogliano anche della dignità umana e della giusta libertà dovuta ai cittadini.
7. Il potente presidio della Madre di Dio
Sappiamo che molti di voi conservano la fede cristiana nell'intimo santuario della propria coscienza, che in nessuna maniera si lasciano indurre a favorire i nemici della religione, ma anzi desiderano ardentemente professare gli insegnamenti cristiani, unici e sicuri fondamenti del vivere civile, non solo privatamente, ma se fosse possibile, come conviene a persone libere, anche apertamente. E sappiamo ancora, con somma Nostra speranza e grandissimo conforto, che voi amate e onorate con ardentissimo affetto la vergine Maria Madre di Dio, e che venerate le sue sacre immagini. Ci è noto che nello stesso Clemlino venne costruito un tempio - oggi purtroppo sottratto al culto divino - dedicato a Maria santissima assunta in cielo; e questa è una testimonianza chiarissima dell'amore che i vostri antenati e voi portate verso la gran Madre di Dio.
Orbene, Noi sappiamo che non può venir meno la speranza di salvezza là dove gli animi si volgono con sincerità e ardente pietà verso la santissima Madre di Dio. Infatti, quantunque gli uomini si sforzino, per quanto empi e potenti, di svellere dai cuori dei cittadini la santa religione e la virtù cristiana, quantunque satana stesso cerchi di promuovere con ogni mezzo questa sacrilega lotta secondo la sentenza dell'apostolo delle genti: «. . . non abbiamo da lottare contro la carne e il sangue, ma contro i prìncipi e le potestà, contro i dominanti di questo mondo tenebroso, contro gli spiriti maligni . . . » (Ef 6, 12); tuttavia, se Maria interpone il suo valido patrocinio, le porte dell'inferno non potranno prevalere. Essa infatti è la Madre benignissima e potentissima di Dio e di tutti noi, e mai si è udito al mondo, che alcuno abbia fatto ricorso supplichevole a lei, e non abbia sperimentato la sua validissima intercessione. Continuate, dunque, come siete soliti, a venerarla con fervente pietà, ad amarla ardentemente e ad invocarla con queste parole, che a voi sono familiari: «A te soltanto è stato concesso, santissima e purissima Madre di Dio, di vederti sempre esaudita».(7)
8. Fervido appello alla pace
Noi pure insieme con voi solleviamo ad essa la Nostra supplica, affinché la verità cristiana, decoro e sostegno della convivenza umana, si rafforzi e vigoreggi fra i popoli della Russia, e tutti gli inganni dei nemici della religione, tutti i loro errori e le loro perfide arti siano respinte da voi lontano; affinché i costumi pubblici e privati ritornino ad essere conformi alle norme evangeliche; affinché coloro specialmente che presso di voi si professano cattolici, benché privati dei loro pastori, resistano con fortezza impavida contro gli assalti dell'empietà fino alla morte; affinché quella giusta libertà che spetta alla persona umana, ai cittadini e ai cristiani, sia a tutti restituita, come è loro diritto, e in primo luogo sia restituita alla chiesa, che ha il divino mandato di ammaestrare tutti gli uomini nelle verità religiose e nelle virtù; e infine affinché la vera pace rifulga alla vostra dilettissima nazione e a tutta l'umanità, e questa pace fondata sulla giustizia e alimentata dalla carità diriga felicemente tutte le genti a quella comune prosperità dei cittadini e dei popoli che deriva dalla mutua concordia degli animi.
Si compiaccia l'amorevolissima Madre nostra di guardare con occhi benigni anche a coloro che organizzano le schiere degli atei militanti e danno ogni impulso alle loro iniziative. Voglia essa illuminare con la luce che viene dall'alto le loro menti, e dirigere con la grazia divina i loro cuori alla salvezza.
9. Consacrazione dei popoli della Russia al Cuore immacolato di Maria
Noi, pertanto, affinché più facilmente le Nostre e le vostre preghiere siano esaudite, e per darvi un singolare attestato della Nostra particolare benevolenza, come pochi anni fa abbiamo consacrato tutto il mondo al Cuore immacolato della vergine Madre di Dio, così ora, in modo specialissimo, consacriamo tutti i popoli della Russia al medesimo Cuore immacolato, nella sicura fiducia che col potentissimo patrocinio di Maria vergine quanto prima si avverino felicemente i voti, che Noi, che voi, che tutti i buoni formano per una vera pace, per una fraterna concordia e per la dovuta libertà a tutti e in primo luogo alla chiesa; in maniera che, mediante la preghiera che Noi innalziamo insieme con voi e con tutti i cristiani, il regno salvifico di Cristo, che è «regno di verità e di vita, regno di santità e di grazia, regno di giustizia, di amore e di pace»,(8) in ogni parte della terra trionfi e si consolidi stabilmente.
E con supplice invocazione preghiamo la medesima Madre clementissima, perché assista ciascuno di voi nelle presenti calamità e ottenga al suo divin Figlio per le vostre menti quella luce che proviene dal Cielo, e impetri per le anime vostre quella virtù e quella fortezza, per cui, sorretti dalla divina grazia, possiate vittoriosamente superare ogni empietà ed errore.
Roma, presso San Pietro, 7 luglio 1952, festa dei santi Cirillo e Metodio, anno XIV del Nostro pontificato.
PIO PP. XII
(1) PIUS PP. XII, Epist. apost. Sacro vergente anno de universae Russorum gentis Immaculato Mariae Cordi consecratione, [Ad universos Russiae populos], 7 Iulii 1952: AAS 44(1952), pp. 505-511.
(2) LEO XIII, Epist. enc. Grande munus, 30 sept.1880: Acta Leonis XIII, II, p. 129; EE 3.
(3) GREGORII VII Registrum, 1, 2, n. 74: MGH Epist. select. II, I, p. 236.
(4) AAS 22(1930), p. 300.
(5) AAS 22(1930), p. 301.
(6) Cf. AAS 38(1946), p. 154.
(7) Acathistus Festi Patrocinii SS. Dei Genitricis: Kondak 3.
(8) Praef. in festo Iesu Christi Regis.
RADIOMENSAGEM DO PAPA PIO XII
AOS FIÉIS PORTUGUESES
POR OCASIÃO DA CONSAGRAÇÃO
DA IGREJA E DO GÉNERO HUMANO
AO CORAÇÃO IMACULADO DE MARIA (*)
Sábado, 31 de Outubro de 1942
Veneráveis Irmãos e amados Filhos,
"Benedicite Deum caeli, et coram omnibus viventibus confitemini ei, quia fecit vobiscum misericordiam suam" (Tob. 12, 6).
« Bendizei ao Deus do ceu e glorificái-o no conspecto de todos os viventes, porque Êle usou convosco das suas misericórdias. »
Mais de uma vez nêste ano de graças subistes em devota romagem a montanha santa da Fátima, levando convosco os corações de todo o Portugal crente, para aí, nesse oásis embalsamado de fé e piedade, depositardes aos pés da Virgem Padroeira o tributo filial do vosso amor acrisolado, a homenagem da vossa gratidão pelos imensos benefícios ultimamente recebidos, a súplica confiada de que se digne continuar o seu patrocínio sôbre a vossa Pátria d'aquém e d'além mar, e estendê-lo à grande tribulação que atormenta o mundo.
Nós, que, como Pai comum dos fiéis, fazemos Nossas tanto as tristezas como as alegrias de Nossos filhos, com todo o afeto da Nossa alma Nos unimos convosco para louvar e engrandecer ao Senhor, dador de todos os bens; para bendizer e dar graças Aquela por cujas mãos a munificência divina nos comunica torrentes de graças.
E tanto mais gostosamente o fazemos, porque vós, com delicadeza filial, quisestes associar nas mesmas solenidades eucarísticas e impetratórias o jubileu de Nossa Senhora da Fátima e o vigésimo quinto aniversário da Nossa Sagração Episcopal: a Virgem Santa Maria e o Vigário de Cristo na terra, duas devoções profundamente portuguesas e sempre unidas no afeto de Portugal fidelíssimo, desde os primeiros alvores da nacionalidade, desde quando as primeiras terras reconquistadas, núcleo da futura nação, foram consagradas à Mãe de Deus como Terra de Santa Maria, e o reino, apenas constituido, foi posto sob a égide de S. Pedro.
1. Gratidão
« O primeiro e maior dever do homem é o da gratidão » (S. Ambrosii De excessu fratris sui Sat. 1. I n. 44 - Migne PL t. 16 col. 1361). « Nada ha tão aceito a Deus, como a alma reconhecida, que dá graças pelos benefícios recebidos» (cfr. S. Ioannis Chrys. Hom. 5 2 in Gen. - Migne PG t. 54 col. 460).
E vós tendes uma grande dívida para com a Virgem, Senhora e Padroeira da vossa Pátria.
Numa hora trágica de trevas e desvairamento, quando a nau do Estado Português, perdido o rumo das suas mais gloriosas tradições, desgarrada pela tormenta anticristã e antinacional, parecia correr a seguro naufrágio, inconciente dos perigos presentes, e mais inconciente dos futuros, — cuja gravidade aliás nenhuma prudência humana, por clarividente que fôsse, podia então prever, — o ceu que via uns e previa os outros, interveio piedoso, e das trevas brilhou a luz, do caos surgiu a ordem, a tempestade amainou em bonança, e Portugal pôde encontrar e reatar o perdido fio das suas mais belas tradições de Nação fidelíssima, para continuar, — como nos dias em que « na pequena casa Lusitana não faltavam Cristãos atrevimentos » para « a lei da vida Eterna dilatar », (Camões, Lusíadas, canto VII oitavas 3 e 14), — na sua rota de glória de povo cruzado e missionário.
Honra aos beneméritos, que foram instrumento da Providência para tão grande empresa!
Mas primeiro glória, bénção, acção de graças à Virgem Senhora, Rainha e Mãe da sua Terra de S. Maria, que tem salvado mil vezes, que sempre lhe acodiu nas horas trágicas, e que nesta talvez a mais trágica, o fez tão manifestamente, que já em 1934 Nosso Predecessor Pio XI de imortal memória, na Carta Apostólica Ex officiosis litteris, atestava « os extraordinários benefícios com que a Virgem Mãe de Deus acabava de favorecer a vossa Pátria» (Acta Ap. Sedis a. XXVI 1934 p. 628). E ainda àquela data não se pensava no Voto de Maio de 1936 contra o perigo vermelho, tão temerosamente próximo e tão inesperadamente conjurado.
Ainda não era um facto a maravilhosa paz de que apesar de tudo Portugal continua gozando; e que com todos os sacrifícios que exige, sempre é imensamente menos ruinosa, doque essa guerra de extermínio que vai assolando o mundo.
Hoje que a tantos benefícios acresceram mais estes, hoje que a atmosfera de milagre que bafeja Portugal, se desentranha em prodígios físicos e em maiores e mais numerosos prodígios de graças e conversões, e florece nessa primavera perfumada de vida católica, prometedora dos melhores frutos, hoje com bem mais razão devemos confessar que a Mãe de Deus vos cumulou de benefícios realmente extraordinários; e a vós incumbe o sagrado dever de lhe renderdes infinitas graças.
E vós tendes agradecido durante êste ano, bem o sabemos.
Ao ceu devem ter sido gratas as homenagens oficiais; mas devem-no ter comovido os sacrifícios das criancinhas, a oração e a penitência sincera dos humildes.
Ao vosso activo estão consignadas nos livros de Deus :
- a apoteose da Virgem Nossa Senhora na sua romagemdo Santuário da Fátima à Capital do Império, durante as memorandas jornadas de oito a doze de abril passado, talveza maior demonstração de fé da história oito vezes secular da vossa Pátria;
- a peregrinação nacional de treze de máio « jornada heróica de sacrifício », que, por frios e chuvas e enormes distâncias percorridas a pé, concentrou na Fátima, a orar, a agradecer, a desagravar, centenas de milhares de peregrinos, entre os quais se destaca cintilante de beleza renovadora o exemplo da briosa Juventude católica;
- as paradas infantis da Cruzada Eucarística, em que as criancinhas tão mimosas de Jesus, com a confiança filial da inocência, podiam protestar à Mãe de Deus que « tinham feito tudo quanto Ela pedira: orações, comunhões, sacrifícios... aos milhares! » e por isso suplicavam: « Nossa Senhora da Fátima, agora é só convosco; dizei ao vosso divino Filho uma só palavra, e o mundo será salvo e Portugal livre inteiramente do flagelo da guerra»;
- a preciosa corôa, feita de oiro e pedrarias, e, mais ainda, de puríssimo amor e generosos sacrifícios, que a treze do corrente no Santuário da Fátima oferecestes à vossa augusta Padroeira, como símbolo e monumento perene de eterno reconhecimento.
Estas e outras belíssimas demonstrações de piedade, de que, sob a zelosa actuação do Episcopado, tem sido fértil em todas as dioceses e paróquias êste ano jubilar, mostram bem como o fiel povo português reconhece agradecido e quer satisfazer a sua imensa dívida para com a sua celeste Rainha e Mãe.
2. Confiança
A gratidão pelo passado é penhor de confiança para o futuro. « Deus exige de nós que lhe rendamos graças pelos benefícios recebidos», não por que precise dos nossos agradecimentos, mas « para que Estes o provoquem a conceder-nos benefícios ainda maiores» (cfr. S.Ioannis Chrys., Hom. 52 in Gen. - Migne PG t. 54 col. 460). Por isso é justo confiar que também a Mãe de Deus, aceitando o vosso rendimento de graças, não deixará incompleta a sua obra e vos continuará indefectível o patrocínio até hoje dispensado, preservando-vos de mais graves calamidades.
Mas para que a confiança não seja presumida, é preciso que todos, concientes das próprias responsabilidades, se esforcem por não desmerecer o singular favor da Virgem Mãe, antes, como bons filhos, agradecidos e amantes, conciliem cada vez mais o seu materno carinho, — é preciso que, escutando o conselho materno que Ela dava nas bôdas de Caná, façamos tudo o que Jesus nos diz (cfr. Io. 2, 5); e Êle diz a todos que façam penitência, poenitentiam agite (Matth. 4, 17); que emendem a vida e fujam do pecado, que é a causa principal dos grandes castigos com que a justiça do Eterno penitencia o mundo; que em meio déste mundo materialisado e paganizante, em que toda a carne corrompeu os seus caminhos (Gen. 6, 12), sejam o sal e a luz que preserva e ilumina; cultivem esmeradamente a pureza, reflitam nos seus costumes a austeridade santa do Evangelho, e desassombradamente e a todo o custo, como protestava a Juventude católica em Fátima, « vivam como católicos sinceros e convictos a cem por cem »! Mais ainda: que cheios de Cristo, difundam em torno de si ao perto e ao longe o perfume de Cristo, e com a prece assídua, particularmente com o Terço quotidiano, e com os sacrifícios que o zelo generoso inspira, procurem às almas pecadoras a vida da graça e a vida eterna.
Então invocareis confiadamente o Senhor e Êle vos ouvirá; chamareis pela Mãe de Deus e Ela responderá : eis-me aqui! (cfr. Is. 58, 9). Então não vigiará debalde o que defende a cidade, porque o Senhor velará com ele e a defenderá; nem será mal segura a casa reconstruida sobre os alicerces de uma ordem nova, porque o Senhor a cimentará (cfr. Ps. 126, 1-2). Feliz do povo cujo Senhor é Deus, cuja Rainha é a Mãe de Deus! Ela intercederá e Deus abençoará o seu povo com a paz, compendio de todos os bens : Dominus benedicet populo suo in pace (Ps. 28, 11).
3. Súplica
Mas vós não vos desinteressais (quem pode desinteressar-se?) da imensa tragédia que atormenta o mundo. Antes quanto mais assinaladas são as mercês que hoje agradeceis à Nossa Senhora da Fátima, quanto mais segura é a confiança que nEla depositais relativamente ao futuro, quanto mais perto de vós a sentis, protegendo-vos com seu manto de luz, tanto mais trágica aparece, pelo contraste, a sorte de tantas nações dilaceradas pela maior calamidade da história.
Temerosa manifestação da Justiça divina! Adoremo-la tremendo; mas não duvidemos da divina Misericórdia, porque o Pai, que está nos ceus, não a esquece nem sequer nos dias da sua ira: Cum iratus fueris, misericordiae recordaberis (Hab. 3, 2).
Hoje, que o quarto ano de guerra amanheceu mais sombrio ainda, num sinistro alastrar do conflito, hoje mais que nunca só nos resta a confiança em Deus e, como Medianeira perante o trono divino, Aquela que um Nosso Predecessor, no primeiro conflito mundial, mandou invocar como Rainha da Paz.
Invoquêmo-la mais uma vez, que só Ela nos pode valer! Ela, cujo Coração materno sé comoveu perante as ruivas que se amontoavam na vossa Pátria e tão maravilhosamente a soccorreu; Ela que condoída na previsão desta imensa desventura, com que a Justiça de Deus penitencia o mundo, já de antemão apontava na oração e na penitência o caminho da salvação, Ela não nos ha de negar a sua ternura materna e a eficácia do seu patrocínio.
Rainha do Santíssimo Rosário, auxílio dos cristãos, refúgio do género humano, vencedora de todas as grandes bathalhas de Deus! ao vosso trono súplices nos prostramos, seguros de conseguir misericórdia e de encontrar graça e auxílio oportuno nas presentes calamidades, não pelos nossos méritos, de que não presumimos, mas unicamente pela imensa bondade do vosso Coração materno.
A Vós, ao vosso Coração Imaculado, Nós como Pai comum da grande família cristã, como Vigário dAquêle a quem foi dado todo o poder no ceu e na terra (Matth. 28, 18), e de quem recebemos a solicitude de quantas almas remidas com o seu sangue povoam o mundo universo, — a Vós, ao vosso Coração Imaculado, nesta hora trágica da história humana, confiamos, entregamos, consagramos não só a Santa Igreja, corpo místico de vosso Jesus, que pena e sangra em tantas partes e por tantos modos atribulada, mas também todo o mundo, dilacerado por exiciais discórdias, abrasado em incêndios de ódio, vítima de sua próprias iniquidades.
Comôvam-Vos tantas ruivas materiais e morais; tantas dores, tantas agonias dos pais, das mães, dos esposos, dos irmãos, das criancinhas inocentes; tantas vidas ceifadas em flor; tantos corpos despedaçados numa horrenda carnificina; tantas almas torturadas e agonizantes, tantas em perigo de se perderem eternamente! Vós, Mãe de misericórdia, impetrai-nos de Deus a paz! e primeiro as graças que podem num momento converter os humanos corações, as graças que preparam, conciliam, asseguram a paz! Rainha da paz, rogai por nós e dai ao mundo em guerra a paz por que os povos suspiram, a paz na verdade, na justiça, na caridade de Cristo. Dai-lhe a paz das armas e das almas, para que na tranquillidade da ordem se dilate o Reino de Deus.
Estendei a vossa protecção aos infieis e a quantos jazem ainda nas sombras da morte; dai-lhes a paz e fazei que lhes ráie o Sol da verdade, e possam connosco, diante do único Salvador do mundo, repetir : Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade! (Luc. 2, 14).
Aos povos pelo erro ou pela discórdia separados, nomeadamente áquêles que Vos professam singular devoção, onde não havia casa que não ostentasse a vossa veneranda icone (hoje talvez escondida e reservada para melhores dias), dai-lhes a paz e reconduzi-os ao único redil de Cristo, sob o único e verdadeiro Pastor.
Obtende paz e liberdade completa à Igreja santa de Deus; sustai o dilúvio inundante de neo-paganismo, todo matéria; e fomentai nos fiéis o amor da pureza, a prática da vida cristã e o zelo apostólico, para que o povo dos que servem a Deus, aumente em mérito e em número.
Enfim como ao Coração do vosso Jesus foram consagrados a Igreja e todo o género humano, para que, colocando nEle todas as suas esperanças, lhes fôsse sinal e penhor de vitória e salvação (cfr. Litt. Enc. Annum Sacrum : Acta Leonis XIII vol. 19 pag. 79), assim desde hoje Vos sejam perpetuamente consagrados também a Vós e ao vosso Coração Imaculado, ó Mãe nossa e Rainha do mundo : para que o vosso amor e patrocínio apresse o triunfo do Reino de Deus, e todas as gerações humanas, pacificadas entre si e com Deus, a Vós proclamem bem-aventurada; e convosco entoem, de um polo ao outro da terra, o eterno Magnificat de glória, amor, reconhecimento ao Coração de Jesus, onde só podem encontrar a Verdade, a Vida e a Paz.
Na esperança de que estas Nossas súplicas e votos sejam favoravelmente acolhidos pela divina Bondade, a vós, dilecto Cardeal Patriarca e veneráveis Irmãos, e ao vosso Clero, para que a graça do alto fecunde cada vez mais o vosso zelo; ao Exc.mo Presidente da República, ao ilustre Chefe e aos membros do Governo e mais Autoridades civis, para que o Ceu nesta hora singularmente grave e difícil continue a assisti-los na sua actividade em prol do bem comum e da paz; a todos os Nossos amados Filhos de Portugal continental, insular e ultramarino, para que a Virgem Senhora confirme o bem que em vós se ha dignado operar; a todos e cada um dos Portugueses, como penhor das graças celestes, damos com todo o amor e carinho paterno a Bénção Apostólica.
(*) Discorsi e Radiomessaggi di Sua Santità Pio XII, vol. IV, pág. 253-262.
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