A Devoção ao Imaculado Coração de Maria e ao Sagrado Coração de Jesus
A Devoção de reparação ao Imaculado Coração de Maria
Segundo o Cônego Formigão, notável profeta mensagem de Fátima, “Reparar é amar… imolar-se amando”.
Na Primeira Aparição de Maio de 1917, Nossa Senhora dá continuidade ao apelo à Reparação, dizendo: – “Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser enviar-vos, em ato de Reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores?” (Das Memórias da Ir. Lúcia, pág. 173-174)
Ao narrar a Aparição de Junho a Ir. Lúcia disse: “À frente da palma da mão direita de Nossa Senhora, estava um coração cercado de espinhos que parecia estarem-lhe cravados. Compreendemos que era o Imaculado Coração de Maria, ultrajado pelos pecados da humanidade, que queria Reparação.” (Das Memórias da Ir. Lúcia pg. 175-176)
No mês seguinte na Aparição de Julho, a Virgem Santíssima ensinou aos três protagonistas, uma oração de oferecimento, para rezarem quando fizessem sacrifícios. – “Sacrificai-vos pelos pecadores e dizei muitas vezes, em especial sempre que fizerdes algum sacrifício: Ó Jesus, é por Vosso amor, pela conversão dos pecadores e em Reparação pelos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria.”
E depois de mostrar para eles o inferno disse: “Para a impedir (a guerra), virei pedir a consagração da Rússia a Meu Imaculado Coração e a Comunhão Reparadora nos primeiros sábados.” (Das Memórias da Ir. Lúcia; pág. 176-177)
E Nossa Senhora veio pedir a Devoção Reparadora dos 5 primeiros Sábados em 1925 para a Irmã Lúcia quando era postulante em Pontevedra na Espanha.
A GRANDE PROMESSA
“Dia 10-12-1925, apareceu-lhe a SS. Virgem e, ao lado, suspenso em uma nuvem luminosa, um Menino. A SS. Virgem, pondo-lhe no ombro a mão e mostrando, ao mesmo tempo, um coração que tinha na outra mão, cercado de espinhos. Ao mesmo tempo, disse o Menino: – Tem pena do Coração de tua Santíssima Mãe que está coberto de espinhos que os homens ingratos a todos os momentos Lhe cravam sem haver quem faça um ato de reparação para os tirar.
No dia 1 de Novembro de 1927, Lúcia escreve à sua madrinha do crisma, Dona Maria Filomena Morais de Miranda: Não sei se já tem conhecimento da devoção reparadora dos cinco sábados ao Imaculado Coração de Maria; mas como ainda é nova, lembrou-me de lhe indicar, por ser uma coisa pedida pela nossa querida Mãe do Céu, e por Jesus ter manifestado desejo de que seja abraçada. Pareceu-me por isso que a Madrinha estimará muito não só de ter conhecimento dela, para dar a Jesus a consolação de a praticar, mas também de a fazer conhecer e abraçar por muitas outras pessoas.
"Consta no seguinte: durante cinco meses, no primeiro sábado, receber Jesus Sacramentado, rezar um Terço, fazer quinze minutos de companhia a Nossa Senhora meditando nos mistérios do Rosário e fazer uma confissão. Esta pode ser alguns dias antes e, se nesta confissão anterior nos esquecermos de formular a intenção, (requerida) podemos oferecer a confissão seguinte, contanto que no primeiro, sábado se receba a Sagrada Comunhão em estado de graça com o fim de reparar as ofensas que se proferem contra a Santíssima Virgem, e que trazem amargurado o Seu Imaculado Coração."
A 4 de Novembro de 1928, depois de várias tentativas para obter uma aprovação oficial do Bispo da Silva, a Irmã Lúcia escreve ao Padre Aparício:"Espero, portanto, que o nosso bom Deus Se dignará inspirar a Sua Ex.cia Rv.ma uma resposta favorável, e que colherei, entre tantos espinhos, esta flor, vendo ainda na terra amado e consolado o maternal Coração da Santíssima Virgem. Agora é este o meu desejo, porque é também esta a vontade do bom Deus. A maior alegria que sinto é ver o Imaculado Coração da nossa terníssima Mãe conhecido, amado e consolado, por meio desta devoção".
Nesta devoção que é tão simples e fácil, a Irmã Lúcia escreve a sua mãe: "Os quinze minutos (de meditação) é o que me parece que lhe vai fazer mais confusão. Mas é muito fácil". Trata-se de "acompanhar a Nossa Senhora por quinze minutos"; e não é necessário, de modo algum, meditar sobre todos os quinze mistérios do Rosário: pode escolher-se um deles, ou dois. Numa carta citada pelo Padre Martins, a Irmã Lúcia escreve:
"De que modo faço as meditações sobre os mistérios do Rosário, nos primeiros sábados: primeiro mistério, a Anunciação do Anjo S. Gabriel a Nossa Senhora. 1º Prelúdio: representar esse fato no meu espírito e ouvir o Anjo a saudar Nossa Senhora com estas palavras ‘Ave, Maria, cheia de graça!’. 2º Prelúdio: pedir a Nossa Senhora que infunda na minha alma um profundo sentimento de humildade. 1º Ponto: Meditarei no modo como o Céu proclama a Santíssima Virgem cheia de graça, bendita entre todas as mulheres e destinada a ser a Mãe de Deus. 2º Ponto: A humildade de Nossa Senhora, reconhecendo-se e dizendo-se a escrava do Senhor. 3º Ponto: Como devo imitar Nossa Senhora na Sua humildade; quais as faltas de orgulho e soberba com que mais costumo desgostar a Nosso Senhor; e quais os meios que tenho de empregar para os evitar, etc. No segundo mês faço a meditação do segundo mistério gozoso; no terceiro mês, do terceiro, e assim sucessivamente, seguindo o mesmo método de meditação. Quando acabo estes Cinco Primeiros Sábados começo outros cinco, e medito sobre os mistérios dolorosos; depois, os gloriosos e, quando acabo estes, começo de novo com os mistérios gozosos".
As cinco ofensas ao Coração de Maria
Passado algum tempo, numa noite em que a Irmã Lúcia estava em oração na Capela, Jesus lhe revelou a razão de ser cinco primeiros sábados e como a vivência desta espiritualidade Lhe agrada e atrai sobre nós a Sua misericórdia. Ele lhe disse: “Minha filha, o motivo é simples: são cinco as espécies de ofensas e blasfêmias proferidas contra o Imaculado Coração de Maria.
1 – As blasfêmias contra a Imaculada Conceição;
2 – Contra a sua Virgindade;
3 – Contra a maternidade divina, recusando, ao mesmo tempo, recebê-La como Mãe dos homens;
4 – Os que procuram publicamente infundir nos corações das crianças, a indiferença, o desprezo e até o ódio para com essa Imaculada Mãe;
5 – Os que a ultrajam diretamente nas suas sagradas imagens.
Eis, minha filha, o motivo pelo qual o Imaculado Coração de Maria Me levou a pedir essa pequena reparação; e, em atenção a ela, mover a minha misericórdia ao perdão para com essas almas que tiveram a desgraça de a ofender. Quanto a ti, procura sem cessar, com as tuas orações e sacrifícios, mover-Me à misericórdia para com essas pobres almas” (Carta da Ir. Lúcia ao Pe. José Bernardo Gonçalves, SJ, 12-Jun-1930 – No livro A Grande Promessa pp 31-32).
A Devoção do Sagrado Coração de Jesus
A devoção ao Sagrado Coração de Jesus começou quando o divino Coração foi traspassado pelo ferro da lança. Os maiores Santos de todos os séculos, tais como, por exemplo, Santo Agostinho, São Bernardo, São Boaventura, Santa Gertrudes, Santa Matilde, Santa Catarina de Sena, já contemplavam os segredos desse Coração muito antes que a devoção fosse revelada de modo especial.
Primeira grande aparição
Aconteceu no dia 27 de dezembro de 1673, como escreveu Santa Margarida Maria:
“No dia de São João Evangelista, depois da Comunhão, apresentou-se-me o Coração de Jesus, como em refulgente trono formado de fogo e chamas mais brilhantes do que o sol. A chaga que recebeu na Cruz aí aparecia visivelmente, e uma coroa de espinhos circundava esse sagrado Coração, que tinha uma cruz em cima. Revelou-me o divino Salvador significarem esses instrumentos da Paixão, que o imenso amor, que aos homens tinha, havido sido origem de todos os seus sofrimentos; que desde o primeiro instante de sua Encarnação, todos esses tormentos e desprezos lhe foram apresentados; que desde logo a Cruz foi, por assim dizer, plantada em Seu Coração; que aceitou todas as dores e humilhações que Sua santa Humanidade tinha de sofrer no curso de sua vida mortal, e assim também os ultrajes a que Seu amor aos homens O exporia até a consumação dos séculos, habitando com eles no Santíssimo Sacramento.”
E o Senhor lhe disse:
"Meu divino Coração está tão abrasado em amor pelos homens, que não podendo mais conter em si as chamas de sua ardente caridade, lhe é necessário que as derrame por qualquer meio, e se lhes manifeste, a fim de enriquecê-los com os tesouros que em si encerra; tesouros cujo valor são graças de salvação e de santificação, para tirá-los do abismo da perdição"
Pouco tempo depois, os desígnios do divino Salvador foram manifestados a Santa Margarida Maria de um modo ainda mais claro.
Segunda grande aparição: a Grande Promessa
Na primeira aparição, Jesus havia revelado Seu “amor apaixonado” por nós; na segunda aparição, Ele revelou que esse amor não é retribuído, mas ofendido e desprezado. Conta-nos Santa Margarida Maria:
“Estando eu um dia, diante do Santíssimo Sacramento exposto, apareceu-me o Divino Mestre todo radiante de glória com as suas cinco chagas resplandecentes quais cinco sóis. De sua sagrada Humanidade saíam chamas de todos os lados, porém principalmente do seu adorável peito, que parecia uma fornalha: no meio destas chamas, mostrou-me seu suavíssimo Coração, que era o foco das chamas. Revelou-me então as maravilhas inexplicáveis do seu amor, a que excesso havia chegado, amando os homens, de quem só recebia ingratidões.
"Eis aqui, me disse Ele, o que Me é mais sensível do que tudo o que sofri em Minha Paixão, tanto que, se correspondessem ao Meu amor, pouco contaria tudo quanto por eles fiz, e quisera, se fosse possível, fazer ainda mais; eles, porém, só têm tibieza e repulsa para todos os meus ardentes desejos de fazer-lhes bem"
Fez então o Senhor a chamada “Grande Promessa”, relacionada à devoção das Primeiras Sextas-feiras:
"Eu prometo, na excessiva misericórdia do meu Coração, que meu amor todo-poderoso concederá a todos aqueles que comungarem, em nove primeiras sextas-feiras do mês seguidas, a graça da penitência final, que não morrerão na minha desgraça, nem sem receberem seus sacramentos e que o meu divino Coração será o seu asilo seguro no último momento"
Como uma preparação para essa consagração da primeira sexta-feira de cada mês, Jesus pediu que na véspera se pratique o piedoso exercício da Hora Santa, meditando os sofrimentos de Sua Paixão, especialmente Sua agonia no Horto das Oliveiras:
"E para me acompanharem na humilde oração que eu apresentei a meu Pai, no meio de todas as minhas angústias, todas as quintas-feiras levantar-te-ás, entre as onze horas e a meia noite, para comigo te prostrares durante uma hora, com o rosto em terra, assim para aplacar a ira divina, pedindo misericórdia para com os pecadores, como para adoçar, de alguma maneira, a amargura que eu sentia com o desamparo em que me deixavam meus apóstolos, o qual me obrigou a lançar-lhes em rosto o não terem podido velar uma hora comigo"
A Igreja aceita a Hora Santa como válida para esta devoção a partir duas horas da tarde, até a meia-noite.
Terceira grande aparição: a Festa do Sagrado Coração
Sobre essa aparição, em junho de 1675, escreveu Santa Margarida Maria:
“Estando diante do Santíssimo Sacramento em um dia de sua oitava, recebi de meu Deus graças inefáveis. Sentindo-me inflamada em desejos de retribuir-lhe amor com amor, disse-me Ele:
"Tu só poderás provar-me mais amor, fazendo o que tantas vezes te hei pedido"
E, mostrando-me seu divino Coração, disse-me: "Eis aqui o Coração que a tal ponto amou os homens, que nada poupou, até esgotar-se e consumir-se, para testemunhar-lhes seu amor; e entretanto só recebo da maior parte deles ingratidões, pelas irreverências, sacrilégios, desprezo e tibieza com que me tratam no meu Sacramento de amor. O que me é ainda mais sensível, é serem corações que me foram consagrados, os que assim me tratam. Por isso te peço que se dedique a primeira sexta-feira depois da oitava do Santíssimo Sacramento a uma festa particular com o fim de venerar o meu Coração, fazendo-lhe ato de reparação, comungando-se nesse dia em desagravo pelas indignidades recebidas durante o tempo em que esteve exposto sobre os altares"
"Prometo que meu Coração dilatar-se-á para difundir com abundância os influxos de seu divino amor sobre todos quantos lhe tributarem essa homenagem, e fizerem com que outros lha tributem."
A humilde religiosa respondeu:
“Mas, Senhor, a quem vos dirigis? A tão pobre pecadora, cuja indignidade seria até capaz de impedir a realização do vosso desígnio. Há tantas almas generosas que o podem executar!”
Respondeu-lhe Nosso Senhor:
"Ignoras por ventura, que me sirvo do que é fraco para confundir os fortes, e que é ordinariamente nos pequenos e pobres em espírito que manifesto meu poder com mais esplendor, a fim de que nada atribuam a si próprios?"
Tornou a Irmã:
“Dai-me pois, meios para executar o que me ordenais”.
Jesus então acrescentou:
"Dirige-te a meu servo (padre la Colombiére) e dize-lhe da minha parte que faça tudo que estiver a seu alcance para estabelecer esta devoção, e dar este prazer ao meu Coração. Ele não desanime com as dificuldades que encontrar, e que por certo não lhe faltarão; lembre-se antes que é todo-poderoso quem, de si desconfiado, em mim confia inteiramente"
O Padre de la Colombiére, que havia experimentado com grande desvelo a santidade desta religiosa e conhecida por sinais sensíveis a verdade de suas comunicações com Deus, julgou dever contribuir para o estabelecimento de tão santa devoção, que nada tinha que a fizesse suspeita.
Começou por si, e quis ser o primeiro discípulo do Coração de Jesus e o primeiro adorador, segundo as regras prescritas à Irmã Margarida Maria. Consagrou-se, pois, a este Sagrado Coração, e ao amor que lhe é devido dedicou a sexta-feira escolhida, 21 de junho de 1675, dia em que pôde considerar como o da primeira conquista do Coração de Jesus.
A partir de então, censurada e combatida, esta devoção, como todas as obras do Senhor, estabeleceu-se afinal no mundo inteiro com prodigioso êxito, principalmente depois que foi solenemente aprovada pelos Sumos Pontífices. Assim se justificou a confiança com que Santa Margarida Maria dizia:
“Mesmo que eu visse o mundo em peso desencadeado contra esta devoção, jamais perderia a esperança de vê-la fundada, visto que da própria boca de meu Salvador recebi esta certeza”.
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